terça-feira, 18 de maio de 2010

Sobre a Tradução Intersemiótica

EMENTA E OBJETIVO BLOCO 1

A primeira parte da disciplina está dividida em dois blocos de quinze horas cada. O primeiro deles tem como objetivo propor um conceito de tradução articulado às culturas não hegemônicas, com especial interesse na construção de um conceito de “tradução antropofágica” Para tanto diferenciando os estudos de tradução tradicionais, e seu conceito implícito de língua e de cultura, e os estudos de tradução contemporâneos que propõem uma visão política da relação entre língua e cultura.

Os textos principais para esta primeira abordagem são os capítulos 1) "Heterogeneidade" de "Os escândalos da tradução" de Lawrence Venutti; 2) "A tradução como criação e como crítica" e "A escrita mefistofélica" de Haroldo de Campos; 3) "Poéticas da relação" de Edouard Glissat (Cf. bibliografia abaixo).


EMENTA E OBJETIVO BLOCO 2

Para o segundo bloco, o curso objetiva compreender as bases da teoria semiótica e da aplicabilidade de sua metodologia para a pesquisa, sobre as relações interartísticas sobretudo no que diz respeito à abordagem dos processos de tradução intersemiótica. Para tanto, prioriza a semiótica de matriz peirceana, e suas três categorias fenomenológicas, bem como seu conceito de signo como uma entidade triádica, e a semiótica da cultura de Tartu-Moscou, sobretudo o seu conceito de semiosfera. A escolha destas duas orientações semióticas se deve ao fato de que, por pressuporem um conceito de signo que vai além da supremacia verbal-linguística, ambas estão em condições melhores de dar conta dos diálogos entre a literatura, o cinema, a televisão, a HQ e o vídeo analógico e digital, focos principais de interesse do curso nesta segunda etapa.

Os textos principais para o segundo bloco são os capítulos: 1) “A semiótica literária e a doutrina dos signos” de John Deely; 2) “índices, ícones e símbolos” de Daniel Bougnoux; “Por que semiosfera” de Irene Machado; 3) “A tradução intersemiótica como intercurso dos sentidos” de Julio Plaza (Cf. bibliografia abaixo).

Para o segundo bloco tentar-se-á analisar, à luz do método semiótico de matriz peirceana, a HQ “Fernando em Pessoa” de Laerte, a poesia na cena inicial do filme “Terra em transe” de Glauber Rocha” e a tradução para o vídeo televisivo do conto “Casal de três” de Nelson Rodrigues.

Bibliografia ampliada do primeiro bloco

ALMEIDA, Maria Cândida Ferreira de. Tornar-se outro: o topos canibal na literatura brasileira. São Paulo: Anablume, 2002, 295 p.
ANDRADE, Oswald. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 2000, 278 p.
BAKHTIN, Mikhail. O discurso de outrem. In: _____. Marxismo e filosofia da linguagem. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 1995.
BENJAMIN, Water. Sobre o conceito de história. In: Magia, técnica, arte e política. 7. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
CAMPOS, Augusto de. À margem da margem. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, 191 p.
CAMPOS, Augusto de. Verso, reverso, controverso. São Paulo: Perspectiva, 1988, 167 p.
CAMPOS, Haroldo de. A escritura mefistofélica. In: Deus e o diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 2005, p. 71-118.
CAMPOS, Haroldo de. A tradução como criação e como crítica. In: Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2002, p. 31-47.
CAMPOS, Haroldo de. Da razão antropofágica: diálogo e diferença na cultura brasileira. In: Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2002, p. 231-256.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Rizoma. In: Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1995, v.1, p. 11-38.
DERRIDA, Jacques. Torre de babel. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Origem, original, tradução. In: História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 1994, p. 9-36.
GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora: Editora da UFJR, 2005, 174 p.
GUATTARI, Félix. Da produção de subjetividade. In: PARENTE, André (Org.). Imagem-máquina. São Paulo: Editora 34, 1996, p. 177-191.
HELENA, Lucia. Por uma literatura antropofágica. Fortaleza: UFC, 1988, 135 p.
LAGES, Susana Kampff. Usurpação luciferina. In: Walter Benjamin, tradução e melancolia. São Paulo: EDUSP, 2002, p. 186-192.
MARTIN-BARBERO, Jésus; REY, Germán. Experiência audio-visual e des-ordem cultural. In: Os exercícios do ver. São Paulo: Editora SENAC, 2001, p. 21-64.
MARTINS, Márcia A. P. (Org.). Tradução e multiplicidade. Rio de Janeiro: PUC;Lucerna, 1999, 175 p.
OTTONI, Paulo (Org.). Tradução, a prática da diferença. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998, 160 p.
RODRIGUES, Cristina Carneiro. Tradução e diferença. São Paulo: UNESP, 2000, 237 p.
VENUTTI, Lawrence. Os escândalos da tradução. Bauru: EDUSC, 2002, 394 p.

Bibliografia ampliada do segundo bloco

BEIGUELMAN, Gisele. Link-se: arte, mídia, política, cibercultura. São Paulo: Peirópolis, 2005.
BOUGNOUX, Daniel. Meios ambientes, mídia, midiologia. In: Introdução às ciências da informação. Petrópolis: Vozes, 1994.
BOUGNOUX, Daniel. Ícones, índices, símbolos. In: Introdução às ciências da informação. Petrópolis: Vozes, 1994.
DEBRAY, Regis. Vida e morte da imagem. Petrópolis: Vozes, 1996.
DEELY, John. Semiótica básica. São Paulo: Ática, 1990.
ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
GREFF, Xavier e SONNAC, Nathalie. Culture web: création, contenus, économie numérique. Paris: Dalloz, 2008.
GUIMARÃES, Denise Azevedo Duarte. Comunicação tecnoestética nas mídias audiovisuais. Porto Alegre, Sulina, 2007.
LIPOVETSKY, Gilles e SERROY, Jean. L’écran global: culture-médias et cinema à l’âge hypermoderne. Paris: Seuil, 2007.
LOTMAN, Youri. La sémiosphère. Limoges: Pulim, 1999.
LOTMAN, Yuri M.. Universe of mind: a semiotic theory of culture. Bloomington/Indianapolis: Indiana University Press, 1990.
MACHADO, Arlindo. Máquina e imaginário. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 1996.
MACHADO, Irene (Org.). Semiótica da cultura e semiosfera. São Paulo: Annablume, 2007.
MACHADO, Irene. Escola de semiótica: a experiência de Tartu-Moscou para o estudo da cultura. São Paulo: Ateliê Cultural, 2003.
NOTH, Winfried. A semiótica universal de Peirce. In: Panorama da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 1995 e semiosfera. São Paulo: Annablume, 2007.
NOTH, Winfried. A semiótica universal de Peirce. In: Panorama da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 1995.
OLINTO, H. Krieger & SCHOLLHAMMER, Karl E.. Literatura e mídia. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2002.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.PLAZA, Julio & TAVARES, Mônica. Processos criativos com os meios eletrônicos: poética digitais. São Paulo: Hucitec, 1998.
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.
SANTAELLA, Lúcia. Semiótica da alegria. In: Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira, 2002.
SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da linguagem pensamento: sonora, visual, verbal. São Paulo: Iluminuras, 2001.
VILCHES, Lorenzo. Narração hipertextual em literatura, cinema e televisão. In: _____. A migração digital. São Paulo: Edições Loyola, 2003.